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Trânsito

Semana Nacional de Trânsito ressalta soma de esforços para superação de desafios




18.09.18 16:49

Fotos: Silvio Rocha 

Todos são responsáveis pela qualidade do trânsito na cidade onde vivem. Circular por Aracaju é fazer parte de um organismo, onde precisa-se compreender que o respeito mútuo e a imposição da civilidade na resolução de conflitos é imprescindível. Desta maneira, a Prefeitura de Aracaju realizará, de 18 a 25 de setembro, a Semana Nacional de Trânsito (SNT-2018), cujo tema “Nós somos o trânsito” ressalta que os desafios só serão superados com a união.

A SNT é coordenada pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran) e as ações serão desenvolvidas em todos os estados brasileiros. Em Sergipe, ela é coordenada pela Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT), em parceria com a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e o Departamento Estadual de Trânsito de Sergipe (Detran).

Dentro deste “organismo”, a SMTT atua como o sistema imunológico, reagindo aos eventuais comportamentos nocivos contra a totalidade. Assim, cabe ao agente de trânsito representar os anticorpos. O membro da Coordenadoria de Educação para Trânsito, Diego Soares, atua há dez anos como uma dessas “células”. “O grande problema é o desrespeito. As pessoas mesmo com todo o conhecimento da legislação de trânsito, de tudo que é passado nas autoescolas optam pelas atitudes equivocadas, buscando vantagens indevidas”, diagnostica.

O tratamento para o problema passa pela necessidade de compreender que as ações individuais afetam toda a comunidade, desta forma agir com cordialidade é o melhor para todos. “Eu levo à frente a mensagem de humanização do trânsito. Se somos bons profissionais, filhos e estudantes, por que não levamos esse comportamento para guiar nosso meio de locomoção?”, questiona Diego.



Gentileza e respeito

Toda boa iniciativa precisa ser levada adiante, como marca de que uma mudança para melhor é possível. A pedestre Fernanda Braz compartilha um exemplo. “Eu, sempre que posso, deixo o carro em casa e sigo andando, pois entendo que diminuir o número de veículos na rua ajuda a cidade. O nível de estresse, com a vida muito corrida, é um grande obstáculo para um trânsito melhor, em minha opinião. Essa realidade impede a educação entre as diferentes pessoas que trafegam na cidade, seja dirigindo ou como pedestre”.


O mototaxista Thiago Santos também faz parte desse sistema intrincado. Há três anos atuando na profissão, ele também entende a falta de gentileza e responsabilidade como relevantes. “O maior problema no trânsito é a irresponsabilidade e a falta de paciência de algumas pessoas, que, normalmente, dirigem pensando apenas em si mesmas. Para um trânsito melhor é importante seguir as regras que aprendemos quando tiramos nossa habilitação e também as de convivência, sempre valorizando o respeito”, afirma.

Há um ano e três meses motorista de aplicativo, o ex-caminhoneiro Genilson Santana conhece de perto os desafios de trafegar na cidade. “O problema que noto é o tanto de motoristas e até mesmo pedestres que não respeitam os locais indicados, invadem preferências e estão desatentos, causando problemas para eles mesmos e para os outros”, indica.

Na luta por um trânsito melhor para todos, ele entende que precisa primeiro desempenhar o seu próprio papel, servindo como exemplo. “Eu busco sempre o diálogo como maneira de resolver qualquer conflito. Prezo pela educação com todos. Além disso, conduzo meu veículo sem muita pressa, respeitando as regras”, garante.



Trânsito para todos

A responsabilidade é ainda maior para aqueles cuja ocupação é permitir a locomoção na cidade, seja conduzindo um veículo de grande porte ou criando os mecanismos necessários para que pessoas deficientes ultrapassem suas dificuldades. O motorista de transporte coletivo George Soares, por exemplo, atua em uma das linhas mais movimentadas da capital, a Marcos Freire II/ D.I.A, que transporta centenas de moradores da Grande Aracaju todos os dias. “O desafio diário que eu enxergo é a falta de respeito às faixas de trânsito, inclusive as especiais para os transportes coletivos. Esse tipo de atitude pode parecer pequena, mas mostra o quanto precisamos avançar”, explica.

Para tentar melhorar a situação o motorista de ônibus busca atualizações constantes para compreender suas obrigações e transportar os cidadãos com cuidado e atenção aos que necessitam de ajuda especial. “Eu busco andar sempre à direita, evito as ultrapassagens inadequadas e respeito as paradas. Além disso, busco conscientizar os passageiros da necessidade de respeitar as prioridades dos deficientes físicos, das gestantes e das pessoas que carregam crianças de colo. Eu não me movimento até que eles estejam bem acomodados”, ressalta.



O anseio de permitir a liberdade de locomoção é o que move Renato Machado. Além de ser radialista, ele realiza adaptações nos veículos para pessoas com deficiência. O primeiro carro modificado foi feito para ele mesmo. Diagnosticado com poliomielite antes dos dois anos de idade, sempre observou o pai dirigir e nutria o desejo de fazer o mesmo.

A vontade de circular pela cidade de maneira independente o fez, ainda em 1988, aos 20 anos, adaptar um carro no estado pela primeira vez. Analisou a mecânica e colocou a mão na graxa. O resultado foi demonstrado no Departamento Estadual de Trânsito de Sergipe (Detran/SE), que atestou o desempenho do veículo e concedeu no mesmo ano sua carteira de habilitação especial. “Eu sou o único do estado que realiza adaptações de carro para atender a necessidade das pessoas com deficiência. É muito gratificante permitir a liberdade de locomoção para, muitas vezes, aqueles que nem acreditavam que isso seria possível”, aponta.

Os 30 anos dirigindo pela cidade lhe proporcionam uma perspectiva histórica do trânsito. “O que eu vejo como grande problema são os congestionamentos, as ruas sempre abarrotadas de carros. O número de veículos cresceu muito nesses últimos anos. Por isso, numa tentativa de melhorar a situação eu busco alternativas ao uso do carro, além de respeitar, sempre que estou atrás do volante, o direito dos outros”, garante.



Menos carros

O número de automóveis também preocupa a ciclista Sayuri Dantas. “O obstáculo do trânsito em geral é o grande número de veículos motorizados individuais, que são priorizados e ocasionam os congestionamentos e as perdas ambientais, além dos acidentes”, acredita.

Sayuri busca fazer sua parte para um trânsito melhor presidindo a ONG Ciclo Urbano. “Eu represento uma organização da sociedade civil que defende e promove o uso da bicicleta como meio de transporte eficiente, econômico e ambientalmente correto. Eu sempre me locomovo na cidade com esse meio de transporte e acredito que quanto mais a geste retirar preconceitos sobre essa escolha mais estaremos melhorando o trânsito”, defende.

De qualquer maneira, por mais que os entendimentos sobre as dificuldades do trânsito variem, bem como as soluções necessárias, uma coisa fica clara a todo momento. Os problemas são complexos e não resultados de erros de apenas uma categoria dos que circulam por Aracaju, portanto é preciso que todos se unam para melhorar, afinal nós mesmos somos o trânsito.

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