23.11.23 12:28
Em audiência pública sobre o transporte alternativo, realizada nesta quarta-feira, 22, na Câmara Municipal de Aracaju (CMA), o superintendente Municipal de Transportes e Trânsito da capital, Renato Telles, dialogou com parlamentares, representantes do transporte rodoviário e também de cooperativas ligadas aos táxis bandeira e aos transportes alternativos, e explicou a importância do equilíbrio do sistema de transporte da cidade.
A audiência representa um dos desdobramentos referentes ao projeto de lei pautado pela CMA, que regulamenta o transporte complementar conhecido como “lotação” da Zona Sul da capital, conforme emenda que altera o Inciso XII do Artigo 234 da Lei Orgânica do Município.
"É chegado o momento de somarmos os diferentes pontos de vista, entendendo a pauta do transporte alternativo primeiro como uma questão social. Antes de se pensar em regularização do transporte alternativo, é importante analisar com cautela os impactos que poderão surgir na mobilidade urbana, seja nas faixas exclusivas, no Centro da cidade, e no sistema de transporte como um todo", afirma Renato Telles.
O acréscimo de cerca de 400 veículos em circulação na região central de Aracaju, caso seja regulamentado o transporte alternativo, também foi apontado pelo superintendente da SMTT como um consideração pertinente. "É preciso avaliar sucintamente o que é positivo e negativo em todo o contexto, visto que a mobilidade urbana não pode ser efetivada em recortes mas, sim, em sua integralidade. A SMTT tem compromisso com o equilíbrio do sistema, o que também reflete nos motoristas e nos táxis bandeira. Sendo assim, da mesma forma que não colocamos duas linhas de ônibus no mesmo trajeto, um sistema de lotação para funcionar na mesma rota de um ônibus tem que ser um ponto a ser observado com muita cautela", ressalta o superintendente.
O vereador e presidente da Comissão de Obras, Serviços Públicos, Tecnologia, Segurança, Administração, Transportes e Comércio da CMA, Breno Garibalde, considera importante a audiência pública para ouvir as categorias, os setores e a gestão do executivo. "Queremos sair daqui com direcionamentos e ver a mobilidade urbana funcionando. O momento foi oportuno para que cada representante trouxesse seu ponto de vista para que o parlamento dê os seus devidos encaminhamentos, visto que essa audiência foi provocada a partir da mudança da Lei Orgânica do Município, que inclui o transporte complementar ao transporte público e a CMA tem se mostrado protagonista nesse assunto", declara.
O presidente da Federação das Empresas de Transporte de Alagoas e Sergipe (Fetralse), Alberto Almeida, participou da audiência pública e adverte sobre a necessidade de atenção a todos os detalhes referentes à mobilidade urbana em Aracaju. "Temos um processo licitatório às portas e o conceito do transporte público diz respeito a maioria. Logo, se colocarmos nas faixas exclusivas o automóvel, o transporte alternativo e outros, além de dificultarmos os trajetos, eliminaremos a saúde desse transporte público e de seus usuários. Precisamos construir um sistema de transporte equilibrado, em condições de sobrevivência, com seus respectivos agregados, mas não da forma que está se pensando, que é tornando o alternativo um concorrente do transporte público. O conceito em vigor no mundo é tornar o transporte alternativo em circulação, mas onde os ônibus não transitam", disse.
Perspectivas distintas
O objetivo de apresentar às demanda dos táxis à população foi destacado pelo presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Táxi de Sergipe (Sintax), João Batista. "Através da audiência pública, podemos alcançar esse objetivo de forma mais ampla. Temos a necessidade de um sistema legalizado, e o problema é que temos táxis a mais, comparado às necessidades de Aracaju. São 2.080 táxis; 176 lotações na zona Norte da capital, mais 30 táxis que atuam no aeroporto. O restante, uma média de 1.900, são táxis bandeira. A zona Sul de Aracaju, em contra partida, precisa de táxi lotação e táxis bandeira", disse.
Já o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Aracaju (Sintra), Miguel Belarmino, afirma que, regulado o transporte alternativo, haverá desempregos. "A medida que o transporte alternativo chega na localidade, há uma grande possibilidade da empresa de transporte público demitir funcionários. É muito complicado desempregar o pai de família, que é o motorista rodoviário, e trazer o motorista de transporte alternativo para regularização", conta.